Just friends?!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

- De todas as vezes que se tenta ser amigo de uma mulher a parte sexual acaba sempre por aparecer.
(Inês) - Isso não é verdade. Eu tenho vários amigos homens, e sem sexo à mistura.
- Não, não tens.
- Tenho sim.
- Tu pensas que tens. Mas na verdade todos eles querem estar contigo.
- Não querem nada.
- Querem sim.
- Como é que sabes?
- Porque nenhum homem pode ser amigo de uma mulher que ache atractiva. Ele acaba sempre por querer fazer amor com ela.
- Então, e se ambos estiverem com outras pessoas, envolvidos numa relação? Assim já se liberta a pressão de um possível envolvimento.
- Isso também não resulta, porque depois a pessoa com quem tu estás não consegue entender porque é que vós precisais de ser amigos. E seria como se estivesse a faltar algo na vossa relação.
 - Estás a querer dizer que a amizade está à partida condenada, e é o fim da história?
- Sim.
- Então creio que nós não vamos ser amigos.
[…]
- Não sei o que pensar.
- Eu também não…

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- Não vos entendo. Ela é atractiva e tu gostas de todos os momentos com ela?
- Simm.
- Mas não avançais para uma relação?
- Não.
- Então estais simplesmente com medo de vos deixardes ser felizes.
- …Tu não compreendes.

*adaptado de um romance de verão

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

diziam: “Está Viva!”… o sangue escorria-lhe pela face, entre o choro ingénuo, suspenso morno estático. sentia no peito o bruto bater que lhe apressava o sufoco extenuado da consciência da dor que a envolvia, levando-a à mudez asfixiante numa mendicância por uma palavra mais. num relance viu-se caminhando os corredores ao seu lado, os olhos cruzados pela primeira vez, a sensação experimentada do frio na espinha que a invadia, que a hipnotizava e levava além do tempo, além do impossível, oferecendo-se ao punhal na inútil esperança de um renascer da expressão de vida irremediavelmente perdida.  olhou-o atentamente, disposto além inanimado dilacerado o corpo em fado certo. retia da sua imagem, do seu rosto, todos os pormenores para não o perder.
toldava-se-lhe as asas de um anjo caído… pensava: “Não… Ainda Não…” as nuvens e sombras favoreceram a confirmação do médico, ao instante subjugado do que já sabia. arfou um audível gemido, e a última lágrima verteu

“Já não pulsa.”