a taste of blues

segunda-feira, 15 de março de 2010

estás a ver quando um conhecimento adquirido se tenta igualar ao de uma mente simplesmente brilhante por natureza? é na preferência entre apreciador de blues e diletantes vanguardistas, que se distinguem os amanhã deixados ao esquecimento do perdurar de um bom cálice amadurecido nos lábios de um amor apaixonado.

(inês) – por vezes sinto imensa dificuldade em proferir uma opinião própria. se olho para um objecto e transmito o meu desagrado, acabo por ver sempre alguém que o idolatra e me reprova. será assim tão difícil sentir o que é bom e o que não é?
(personagem masculino, por aparecer) – é extraordinário como nem te apercebes do potencial que habita em ti.
(inês) – não estou a ver onde anda esse potencial.
(p. m.) – existem pessoas com um talento que lhes é inerente desde pequeninas. e tu és um desses seres. que tem em si a singularidade de poder ter um juízo formado sobre as coisas.
(inês) – eu? não é o que me parece. quer dizer, não consigo explicar, eu observo e percebo se gosto ou não. mas não sei porquê. nem compreendo porque é que nem todas as pessoas estão de acordo.
(p. m.) – é preciso pertencer-se a um meio muito restrito para se ouvir o que eu te vou dizer: tu estás investida de uma propensão para a arte. e isso é uma característica tão rara, quanto teres consciência que a tens.

(escrito por r. com a fragrância de márcia c. em dias do décimo ano do terceiro milénio.)

quinta-feira, 11 de março de 2010

(tenho tido uma semana dark. sempre estou curioso de ver como isto se transpõe para o papel)

os dias seguem-se uns a seguir aos outros, inês esperava que as respostas aparecessem por si mesmas, que os problemas se resolvessem por vontade própria, sem que ela tivesse de agir sobre eles. mas a vida é uma mensagem perdida è deriva no oceano de lágrimas. a indiferença entristecia-a e rompia-lhe a alma de uma maneira louca de quem espera espera e não obtém respostas. se pudesse voltar atrás, se pudesse fazer as coisas de outro modo. mas o tempo não pára e não a deixa esquecer o passado. ela fica à espera, acreditando que a esperança não é só fingimento. pois só os loucos de coração esperam, só os loucos de coração têm a capacidade que esperar eternamente. não sabia quanto tempo esta espera fechada em si ainda iria demorar, mas guarda a dor, o choro do silêncio, nas vagas das horas nocturnas sem dormir. essa noite que a acolhe sobre os lençóis e a beija num sussurro murmurante: “cobre-te, aproxima num aperto as mantas ao teu corpo, aqui ninguém entra no teu mundo, aqui ninguém mostra a sua real natureza cruel, aqui ninguém te transforma um dia bom num dia mau que te deixa em lágrimas internas até finalmente adormeceres.

ok não é bem para a némesis. mas também não se pode esperar que eu tenha sempre isenção de sentimentos.