AN EPIC ONE

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Nesta parte da narrativa passamos uns capítulos à frente. O ser fomentador de tormentas apareceu na história. É homem, é poeta, é um líder nato do espírito selvagem e ainda não conheceu a linda Inês.


(Ele) – EU SINTO-ME NU!
(Eu sinto que se te continuas a exprimir selvaticamente, deixo-te no meio de uma savana).
– Ela entrou em mim. Resumiu-me a um mero enamorado, mastigou-me até à última réstia de homem e deixou-me a sangrar na submissão de um espírito rejeitado.
– Sem dúvida, é isso que elas fazem. Não poderia estar mais de acordo.
– É TUDO DEMASIADO DOLOROSO, É UMA TRAIÇÃO DA VIDA DEPOIS DE ME TER DESPRENDIDO DAS AMARRAS E TER PERMITIDO TODO O MEU SER PULAR DO PRECIPÍCIO.
– Ela teve um vislumbre da tua alma. E percebeu que eras um softy. Depois disso, depois de te conhecer, sabia exactamente como te afectar.
– MALDITA SÚCUBO! OFÍDIA DE PRESAS DILACERANTES QUE ME RASGAM AOS PEDAÇOS DE CARNE CONSUMIDA E ME DEIXA AOS ABUTRES DA COMPAIXÃO.
– Não tenho argumentos contra. A miúda bateu-te forte. Tinhas o amor. Tinhas o sentido da vida. E de repente tens o coração dilacerado.
– Para quê que tu me serves mesmo? Pára com essa condescendência irritante que estás quase a saltar mesmo sem quereres.
– Eu vim contigo não vim? Meti este capacete estúpido e estou dentro deste avião pronto a cometer a maior estupidez da minha vida não estou?
– Eu fiz o que tinha a fazer.
– E o que é isso mesmo?
– “Fiz o que tantos outros homens antes de mim fizeram depois de uma mulher lhes ter quebrado o coração: Eu vim para a guerra!”.
– E quantas guerras é que eu vou ter de aguentar por ti? É que esta é já a quarta queda sobre o abismo a que chamas duelo pela redescoberta do Eu.
– EU SINTO-ME GELIDAMENTE NU!
– De quem foi a ideia de vir em plena época glaciar ao meio do Pólo Norte?
– VENHA DAÍ O URSO. VOU CAVALGAR-LHE A ÍNDOLE SELVAGEM ATÉ AO DERRADEIRO FOLGO DE FRUSTRAÇÃO QUE HABITA EM MIM RETOMAR AO INDÍGENA INDOMÁVEL CUJO ÚNICO SENTIDO DE VIDA É SORVER DO NÉCTAR DOS DEUSES, A QUE CHAMAM…
– A que chamam?
– Ó.. quero lá saber. A quem é que eu estou a tentar enganar. Ela era a tal. E já não há tal.
– Ui! Não me vais começar agora aqui a chorar que nem uma menina.
– ÉS UM ANIMAL! NÃO TENS SENSIBILIDADE NENHUMA.
– O que não tenho é paciência para os teus tantras. Escolhe uma arma e vamos resolver isto como homens a sério. Ela é o inimigo e isto é uma batalha. Despe esse pára-quedas, abre essa porta e salta que eu já lá vou ter para te salvar como sempre.
– Sinceramente não sei como ainda sou teu amigo.
– Sinceramente, estou a pensar deixar-te estatelar no chão para não ter de te aturar mais…

história 3:

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

estranhamente o último post teve uma aceitação que não estava à espera. escrevi mesmo só para me forçar a mim mesmo a voltar ao blog. e agora compreendo, que quatro meses da minha vida em que não escrevi inês, vivi inês. e o ter vivido inês fez com que o meu discurso ganhasse uma cativante substância. ao ponto do sr. nuno aspirante a nefelibata ter composto um terceiro acto deste navegar pelas variações ao amor. que eu peguei, moldei à personalidade da minha linda inês e agora exponho:


(Inês) – menti-te! e agora este silêncio abate-se sobre a indecisão de não te ter dito mais cedo a verdade. chega! não posso viver mais assim. quando me perguntas-te eu disse não. agora...
 
(ele pensava para si: vais ceder, não percebes, isto é um jogo e tu vais ceder) – o que foi agora? 
é possível que me vá arrepender disto para o resto da minha vida, cá vai: eu amo-te. 
não digas isso. porquê agora? (ele pensava: eu sei, é óbvio que me amas, mesmo quando me negaste três vezes eu vi o amor em ti. mas penso se saberás o que é o amor, ou se é só a atracção que lancei sobre ti a falar)
porquê? porque é verdade. (e tu continuas a negar o evidente, a adiar o inevitável: que eu te vou deixar em lágrimas)
o que mudou? porquê estas certezas de agora ser isto que queres? (já não sou o mesmo, e ainda que o meu corpo seja prisioneiro eterno da tua beleza o meu espírito foi resgatado ao teu feitiço)
é a relação que tenho contigo que me exige esta sinceridade. (certezas?!, não tenho certezas nenhumas!! este fogo que me consome por dentro, esta ânsia de absoluto)
amigos, nós somos amigos, o amor é uma escolha. e tinhas escolhido não amar. e agora escolhes amar. 
o amor não é uma escolha. a escolha é ser fiel a mim própria. a escolha foi conseguir encontrar coragem para dizer-te que te amo. (mas de que tens medo agora? de que foges? pensei que dirias logo que sim)
desta forma acabas com o que nos une. talvez o que queiras de facto é não me ver nunca mais. (o quanto queria pelo abraço resgatar-nos deste frio e contigo flutuar sobre as edificações deste mundo)
mas que irracional que estás a ser. não percebo como chegamos aqui. (esse teu ar indiferente.. afinal o que significa a tua simpatia, o teu sorriso? cinzas de um momento de puro deleite e nada mais?) – nada mudou. eu mudei. eu agora sei que te amo. 
não me dás alternativas. é melhor não nos vermos por uns tempos. 
(és um estúpido!!! finalmente confiei em ti. mas eu compreendo-te, eu não te amava se não fosses assim.) é um adeus então? 
(não vás. meu deus! vou arrepender-me disto até ao último dos meus dias) é um adeus.

sábado, 18 de dezembro de 2010

(rogério pensa: tem demasiada cor aqui. não é depressivo que chegue para inspiração literária. rogério sorri num dos sorrisos que a princesa já não aguenta :p .. e apaga as luzes.. a escuridão inunda eficazmente todo o seu ser. olá trevas do contentamento bem vindas de volta, o rogério sentiu a vossa falta. tocam as cordas do adagio de barber e o ambiente humedece a face no correr da cândida lágrima que centelha inspiração)


variações ao amor

história 1:
(inês) – eu tenho andado a adiar dizer-te o que sinto porque quando o disser vai-se tornar real. e quando as coisas se tornam reais alguém acaba por sofrer.
– eu deixaria de gostar ti se tu não fosses assim, se não dissesses o que dizes se não fizesses o que fazes.
– sim gostar de mim. mas o que eu tenho para dizer é assim tão simples e assim tão complicado. porque depois de dito, já não posso voltar atrás.
– agora estou cativado. tens de dizer.
– não tenho coragem.
– diiiiizzz!!!
– digo? mesmo?
– sim. diz.
– pronto::: EU DIGO que te amo.. e agora vais fugir.
– e porque é que eu vou fugir?
– porque as pessoas fogem quando ouvem o eu amo-te.
– e para onde é que eu iria fugir sem ti?
– a sério. estás a falar a verdade?
– eu amo-te sua tolica. eu amo-te desde o primeiro momento em que vi um sorriso teu.

história 2:
– não te quero perder e não te posso dar o que tu queres. eu gosto da nossa relação assim. não quero que vá mais longe. não podemos ser só amigos?.. sei que estou a ser egoísta. mas isto é a única coisa que podemos ter. e tu vais estragar tudo se disseres que me amas.
(inês) – não. não podemos. a continuar assim terei de deixar de te ver.
– não me faças escolher entre amar-te ou não te ver mais. porque vou escolher não te ver mais.
– mas porque não?
– não tenho uma resposta que dê sentido a tudo. simplesmente eu hei-de sempre amar o que é mau para mim. é esse o meu amor. o eternamente não correspondido.
– tu mudaste
– sim, eu mudei.
– já não te reconheço
– foi-me permitido um momento de clareza. agora sou livre para ser o eu que sempre quis ser.
– tu és um bom escritor.
– Eu Sou?
– sim és.
– quer dizer eu sei que sou. só estou surpreendido de alguém reparar que sou. pensava que já não existia alguém interessante o suficiente para ter a coragem de o exprimir em voz alta.
– o que eu queria dizer é que te escondes nas palavras. eu digo que te amo. e agora vais fugir

Just friends?!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

- De todas as vezes que se tenta ser amigo de uma mulher a parte sexual acaba sempre por aparecer.
(Inês) - Isso não é verdade. Eu tenho vários amigos homens, e sem sexo à mistura.
- Não, não tens.
- Tenho sim.
- Tu pensas que tens. Mas na verdade todos eles querem estar contigo.
- Não querem nada.
- Querem sim.
- Como é que sabes?
- Porque nenhum homem pode ser amigo de uma mulher que ache atractiva. Ele acaba sempre por querer fazer amor com ela.
- Então, e se ambos estiverem com outras pessoas, envolvidos numa relação? Assim já se liberta a pressão de um possível envolvimento.
- Isso também não resulta, porque depois a pessoa com quem tu estás não consegue entender porque é que vós precisais de ser amigos. E seria como se estivesse a faltar algo na vossa relação.
 - Estás a querer dizer que a amizade está à partida condenada, e é o fim da história?
- Sim.
- Então creio que nós não vamos ser amigos.
[…]
- Não sei o que pensar.
- Eu também não…

___________________
- Não vos entendo. Ela é atractiva e tu gostas de todos os momentos com ela?
- Simm.
- Mas não avançais para uma relação?
- Não.
- Então estais simplesmente com medo de vos deixardes ser felizes.
- …Tu não compreendes.

*adaptado de um romance de verão

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

diziam: “Está Viva!”… o sangue escorria-lhe pela face, entre o choro ingénuo, suspenso morno estático. sentia no peito o bruto bater que lhe apressava o sufoco extenuado da consciência da dor que a envolvia, levando-a à mudez asfixiante numa mendicância por uma palavra mais. num relance viu-se caminhando os corredores ao seu lado, os olhos cruzados pela primeira vez, a sensação experimentada do frio na espinha que a invadia, que a hipnotizava e levava além do tempo, além do impossível, oferecendo-se ao punhal na inútil esperança de um renascer da expressão de vida irremediavelmente perdida.  olhou-o atentamente, disposto além inanimado dilacerado o corpo em fado certo. retia da sua imagem, do seu rosto, todos os pormenores para não o perder.
toldava-se-lhe as asas de um anjo caído… pensava: “Não… Ainda Não…” as nuvens e sombras favoreceram a confirmação do médico, ao instante subjugado do que já sabia. arfou um audível gemido, e a última lágrima verteu

“Já não pulsa.”

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Inês deixava a caneta fluir no seu pequeno caderno de confidências diárias:
.

Estou fatigada! Exausta de procurar afeições e não as encontrar, nesta sede insaciável de uma busca constante e inútil. Acordei a manhã de sábado a chorar, e chorei até à tarde, depois dormi o fim-de-semana para não ter de passar por ele. Sinto que tenho percepção de tudo. É completamente extraordinário que as pessoas possam habitar os dias quando não têm nada em que acreditar, nada que lhes suplante o ego, que as projecte além de tudo quanto é fútil. De todas as vezes que abro os olhos só os quero fechar, não consigo olhar nada sem sentir a dor de não acreditar, de nada mais ver além deste imenso vazio. Posso preenchê-lo de mim, deixar-me levar, ser consumida, e será completo em si mesmo, total pela minha plenitude.
Sim fugi. Fugi da rede social para me encontrar. E quanto mais procuro mais me sinto uma alma perdida, quanto mais perscruto o íntimo de mim mesma, mais me rendo à evidência de que sou um amanhã incerto, completamente instável e à mercê de um fado rouco, deambulado nas ruelas noites frias que auguram a amarga névoa no acordar do dia a nascer.

domingo, 9 de maio de 2010

o gélido sentimento corria-lhe as veias, gritando uma dor aguda nas nervuras da mente.
a sua alma aprisionada, a sua natureza delicadamente suspensa no abismo sombrio do débil sonho dilacerado do lacrimejar os trilhos de uma vida subjugada à asfixiante e cada vez mais soberana certeza de que estava só. só! só! refém da impossibilidade de encontrar noutro ser humano a lucidez com quem se poderia conectar, de realmente vislumbrar alguém que a desnudasse, que a compreendesse, que lhe soubesse o valor resguardado além do reflexo nos espelhos do quotidiano.
a música tocava alto. os ladrilhos na vidraça vibravam na intensidade arrebatadora de um explodir da funesta cárcere nos recontos carcomidos de um cálice derramando o espírito que se movia ao sabor das teclas da obra centenária no abandono nos primeiros raios nocturnos de um luar oprimido.
sorvia o piano, gesticulando as notas, naquele aceno comum do contemplar  a melodia, na arrebatada vontade de ser una com os sentidos que a deixavam nefelibata, alienada à veracidade da consciência, perdida em instantes de tempo num sufocante ar veranil…


r.


Estava exausta! Apenas exausta! Era aquela mágoa de inutilidade debruçada sobre a realidade de uma noção de amor deslocada dos alvos da sua afeição. Quase se deixava cair na rotina de acreditar cada vez menos em romances profundamente destemidos…
Resguardava a quietude dos dias em que o sentimento derramava lágrimas, enxaguadas ao segredo sensível que eram dele, e por ele, na ausência de missivas ao seu afecto.
 À sua presença, a melodia cingia-se a uma só palavra não proferida, ao anseio da cumplicidade de um olhar, de uma proximidade onde os aromas da paixão intensificavam as lembranças de uma carícia, de uma ternura intuitiva debruçada sobre o seu saudoso peito.
O tempo passava, e as memórias diluíam os seus nomes entre as sombras do ressentimento e as brisas de esperança num reacender do que sentiram um pelo outro.
Permanecia em si a esperança, de um encontro, de uma semelhança a um beijo dele, que nunca esqueceu.
 
escrito pela mais bela das princesas, e nutrido pelo seu devoto súbdito.

there she is

segunda-feira, 3 de maio de 2010

ele contemplava inês vagueando os corredores, colhida à luz radiante que transpunha da janela. a sedutora presença nutria-lhe a delicadeza de um tecer de olhares no romance proibido. ele sabia-a enamorada. ela tinha-o visto na intimidade de uma relação diária. as teias do destino unia-os na impossibilidade de serem amantes. – is this cruel acceptance, that i’m falling in love with you. and i don’t know what to do.
– …
– olá

quarta-feira, 28 de abril de 2010

- como saber se encontraste uma alma para toda a vida?
- não me parece que possas saber logo de imediato. no início, levado pelo primeiro encanto, sentes uma afeição, um conforto ternurento. e procuras o extraordinário que habita nessa pessoa, de modo a convenceres-te a ama-la, dando-lhe o benefício e expondo o teu afecto.
- claro que pode simplesmente cativar-te o tempo necessário a quebrar o feitiço com duas ou três palavras desprovidas da essência que procuras.
- tem então de ser perfeito? a força imparável num vislumbre momentâneo de olhares onde crês ter encontrado a aura que dá sentido à poesia? um retrato idílico aos sonhos de infância? aquele amor, aquela sensação de que tens sido incompleto e que agora és um todo?
- Sim.
- não consigo deixar de pensar, que esse tipo de certezas é reflexo de que não se tem amado o suficiente.

you’re a strange color

sábado, 10 de abril de 2010

inês em diálogo com o ser da sua afeição, num entardecer ao som do ruído citadino que lhes invadia a quietude das almas.

(inês) – não percebo o que se passa comigo.
(ele) – tens noção que eu posso interpretar isso de maneiras tão díspares quando o divertimento me permite!? – inês fez uma pausa no tempo, contemplou-o, manteve o silêncio. – humm o suspense ensombrou-me a curiosidade.
– falar destas coisas é esquisito. sabes quando parece que algo está errado, que estás na primavera e não te apercebes das flores ou dos pássaros a cantar, que o sons das teclas do piano te soam sempre a ruído?
– esta vai ser uma deambulação pelo sentido da vida não vai? – inês voltou a parar o tempo, e no silêncio pensava se ele a entenderia, se valia mesmo a pena abrir-se a confidências… – tens de ser mais específica, ao piano era beethoven ou chopin?
– é só este sentimento de que posso fazer algo que nunca ninguém fez, e não o estou a fazer.
– . – se observares os rostos das pessoas que estão dentro deste café, ficas na incerteza do que é que as suas consciências estão a pensar. se estão rendidos à vida? acomodados a uma apatia morna, no entorpecimento dos sentidos? e se eu te disser que em dada altura das suas vidas todos eles pensaram o mesmo que acabaste de dizer!
– onde queres chegar?
– a lado nenhum, não quero chegar a lado nenhum. só sei que se a vida fosse fácil para os que sonham, tu arranjavas outra coisa para fazer.

eu sou o amanhecer

sábado, 3 de abril de 2010

(inês) - quem és tu?
- eu sou o amanhecer.
- não é um pouco convencido comparar um café com as forças do acordar?
- estás a ver os primeiros raios de sol por detrás daquela nuvem?
- sim.
- ao ver-te decidi ser o teu dia.
- hoje já tem um sol.
- serei então o sol do teu amanhã.
- estou atrasada tenho de ir trabalhar.
- o encontro de amantes sempre é tarde demais.
- saio ás sete.
- serei então o entardecer.
- estás muito indefinido, não me parece bem seres três coisas ao mesmo tempo.
- o inesperado pode a qualquer instante mudar o rumo das nossas vidas, quando o compositor abre excepções a auroras matinais com um toque de anjo.

inês afastava-se do pequeno botequim, radiante em pensamentos – mas de onde é que apareceu este?

a taste of blues

segunda-feira, 15 de março de 2010

estás a ver quando um conhecimento adquirido se tenta igualar ao de uma mente simplesmente brilhante por natureza? é na preferência entre apreciador de blues e diletantes vanguardistas, que se distinguem os amanhã deixados ao esquecimento do perdurar de um bom cálice amadurecido nos lábios de um amor apaixonado.

(inês) – por vezes sinto imensa dificuldade em proferir uma opinião própria. se olho para um objecto e transmito o meu desagrado, acabo por ver sempre alguém que o idolatra e me reprova. será assim tão difícil sentir o que é bom e o que não é?
(personagem masculino, por aparecer) – é extraordinário como nem te apercebes do potencial que habita em ti.
(inês) – não estou a ver onde anda esse potencial.
(p. m.) – existem pessoas com um talento que lhes é inerente desde pequeninas. e tu és um desses seres. que tem em si a singularidade de poder ter um juízo formado sobre as coisas.
(inês) – eu? não é o que me parece. quer dizer, não consigo explicar, eu observo e percebo se gosto ou não. mas não sei porquê. nem compreendo porque é que nem todas as pessoas estão de acordo.
(p. m.) – é preciso pertencer-se a um meio muito restrito para se ouvir o que eu te vou dizer: tu estás investida de uma propensão para a arte. e isso é uma característica tão rara, quanto teres consciência que a tens.

(escrito por r. com a fragrância de márcia c. em dias do décimo ano do terceiro milénio.)

quinta-feira, 11 de março de 2010

(tenho tido uma semana dark. sempre estou curioso de ver como isto se transpõe para o papel)

os dias seguem-se uns a seguir aos outros, inês esperava que as respostas aparecessem por si mesmas, que os problemas se resolvessem por vontade própria, sem que ela tivesse de agir sobre eles. mas a vida é uma mensagem perdida è deriva no oceano de lágrimas. a indiferença entristecia-a e rompia-lhe a alma de uma maneira louca de quem espera espera e não obtém respostas. se pudesse voltar atrás, se pudesse fazer as coisas de outro modo. mas o tempo não pára e não a deixa esquecer o passado. ela fica à espera, acreditando que a esperança não é só fingimento. pois só os loucos de coração esperam, só os loucos de coração têm a capacidade que esperar eternamente. não sabia quanto tempo esta espera fechada em si ainda iria demorar, mas guarda a dor, o choro do silêncio, nas vagas das horas nocturnas sem dormir. essa noite que a acolhe sobre os lençóis e a beija num sussurro murmurante: “cobre-te, aproxima num aperto as mantas ao teu corpo, aqui ninguém entra no teu mundo, aqui ninguém mostra a sua real natureza cruel, aqui ninguém te transforma um dia bom num dia mau que te deixa em lágrimas internas até finalmente adormeceres.

ok não é bem para a némesis. mas também não se pode esperar que eu tenha sempre isenção de sentimentos.

a influência que tens sobre mim

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

observava-lhe os gestos, desviava o olhar quando pressentia que seria colhida no seu contemplamento enamorado. será que ele saberia da extraordinária influência que teria sobre si?! só gostava de ter a coragem para o dizer.. para lhe dizer o que cada palavra sua significa para mim.. que cada momento de atenção é um raiar de sorriso que habita este frágil corpo esta mente incerta.. um dia aparecer-te e ser eu própria, porque sei que aguentarias ver-me a nudez, e amanhã ainda te ter aqui..
[…]
- olá.
(inês) - ainda te lembras de mim?
- como poderia esquecer. tu és inesquecível.
- sou?
- tens dúvidas que desde a ultima vez que falamos eu não tenha passado uma hora sem pensar em ti?
- .

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

[…]
(inês) - nem sei porque cometi o erro de dizer olá.
- claro que sabes. é porque não te consegues libertar do facto de que quanto mais me contrarias, mais evidencias que ainda me amas.
- estás maluco? só te cumprimentei para ser simpática. eu odeio-te.
- sim claro, isso é inegável. mas não existe necessidade de continuar a  contrariar que só me odeias porque já nos amamos. não sei porque devemos resistir às nossas memórias, afinal de contas, só odeamos aqueles que deixamos transpor as muralhas, e aproximar o suficiente a tocar o coração. tornando a perda um mortificante lacerar, cuja dor, prometemo-nos não voltar a sentir.
- és tão frio. sabes que foi isso que aconteceu. não precisavas de colocar por palavras e fazer-me relembrar tudo outra vez.
- mas eu… não era isso que eu queria…

Põe assim: Odeio-te

sábado, 20 de fevereiro de 2010

(inês) - o que eu sentia por ti? será que não percebes, eu não sou mais essa pessoa. e tu também não.
- mas eu não mudei.
- o que nós éramos deixou de existir.
- como te podes esquecer de como começamos? de como nos encontramos, e desafiando toda probabilidade, permitimo-nos a uma intimidade cheia de mistério, onde constantemente descobria coisas novas, na tua maneira de ser na tua maneira de pensar e de sentir.
- a paixão perdeu-se.
- como podes ser tão cruel?
- lamento se a realidade te faz sofrer. preferias que mentisse? que continuasse a mentir? ignorei esta ausência de sentimento até compreender que nada de bom pode sair desta mentira. estou a impedir-te de viver.

"boys have feelings too right?"

sábado, 13 de fevereiro de 2010

(Inês em diálogo com uma personagem ainda por aparecer)

(inês) - parece-me sempre que os homens não têm sentimentos como os nossos.
- tens de ser um pouco mais específica.
- que vós não demonstrais o que sois já é um dado adquirido.
- estavas à espera de quê, o culpa é do modo como as intimidades entre nós são caracterizadas. uma mulher espera sempre um homem confiante. se eu passar a dizer o que sinto, bem, digamos que aguentarias uma semana. a verdade é que quereis saber tudo o que tem a ver convosco, o que sentimos por vós e demais eternos afectos, mas quando o diálogo remete para a verdadeira natureza de um ser, well…
- que exagero. só quis dizer que os sentimentos dos homens são mais aparência, enquanto que os nossos são dor.
- o que vai de acordo com o que estava a dizer. somos levados a colocar a máscara da aparência, e a vive-los ao resguardo da nossa mente.
- mas isso não nos deixa entrar. como havemos de saber o que estais a pensar?
- por momentos creio que houve um inversão de papeis. o que nós estamos a pensar? vou-te contar o maior segredo de todos nas relações humanas; olha-te ao espelho, e acredita que os rapazes não são muito diferentes de raparigas. existem tantos tipos de homens como de mulheres, e o teu reflexo é tão complicado quanto o meu.

ensaios matinais

como não se contrariam princesas, estou de novo a projectar ensaios literários sobre o entendimento humano.

quem tem seguido as minhas recentes aventuras, observa a némesis deixada ao abandono. o que é meio verdade. uma vez que a disponibilidade não tem permitido a escrita dos capítulos, cresce em mim a necessidade de pelo menos orientar algumas linhas, no sentido de não a deixar sucumbir ao tempo.
deste modo, este blog será dedicado a diálogos e excertos que poderão vir a ser utilizados no livro.

deixo um pequeno resumo do percurso sombrio que tem acompanhado a linda Inês:
  • Inês estava muito feliz e a vida fazia sentido.
  • o amante Paulo, terminou a relação. Iniciando outra com a Ana, a melhor amiga da nossa personagem.
  • o cor-de-rosa na sua vida desmoronou, a tristeza abateu-se sobre os seus dias.
  • acabou o curso de arquitectura e foi estagiar para uma cidade vizinha. alugou um pequeno apartamento e iniciou uma fase ainda algo incerta…
  • de volta a casa em fim-de-semana, encontra Paulo e Ana juntos, o anseio tolda-lhe a moralidade juvenil e leva-a a agir longe dos parâmetros que tinha disposto no imaginário imaculado do amor.

númenesis

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

númen + a última némesis

númen:
nome masculino
1. divindade mitológica
2. poder celeste
3. inspiração; génio
(Do lat. numen, «majestade divina»)